Série Reforma 500 anos #4
Reforma- Matinho Lutero -parte 1
Martinho Lutero
nasceu no dia 10 de novembro de 1483 em Eisleben, na Alemanha. Lutero recebeu
este nome por causa de Martinho de Tours, o santo que era lembrado naquele dia,
e um dia após seu nascimento, Lutero foi levado por seus pais para ser
batizado, como era o costume da época, na Igreja de São Pedro e São Paulo. Seus
pais, Hans e Margeret Luder, servos piedosos de origem camponesa, se mudaram
com sua família para Mansfeld, onde Hans foi trabalhar com mineração de cobre.
Foi nesse
contexto que o padrão de vida da família de Lutero melhorou substancialmente.
De acordo com o autor Franklin Ferreira “seu pai era ambicioso e desejava que
seu filho se dedicasse ao Direito” (2014, p.170). Martinho Lutero estudou na
escola latina de Mansfeld até 1497, e logo se transferiu para conhecida escola
da Catedral, em Magdeburgo, ficando por um período de um ano e iniciou na
piedade pessoal. E nessa escola, que também era um monastério, Lutero teve seu
primeiro contato com a Bíblia.
Segundo
o autor Stephen J. Nichols (2017, p.32), esse monastério de Magdeburgo estava
sob a jurisdição da ordem Irmandade da
Vida Comum, conhecida por sua piedade e por ter, entre seus membros, Tomás
de Kempis, autor do clássico devocional A
Imitação de Cristo. Lutero passou por dificuldades financeiras, pois o
limitado orçamento de sua família não era suficiente para pagar as despesas da
respeitada escola de Magdeburgo.
Muirhead diz: “[...] o jovem Martinho por si mesmo tirava o seu sustento das
moedas que recebia cantando de porta em porta” (1963, p.49).
No ano seguinte,
Martinho volta a estudar, mas agora em Eisenach, na cidade onde sua mãe Margaret tinha parentes. O autor Stephen J. Nichols (2017, p.32) presume que Eisenach
atraiu Lutero tanto academicamente quanto financeiramente pela disponibilidade
de eventuais refeições e algum alívio para Lutero, dada a grande dificuldade
que ele passou.
Ainda sobre as dificuldades enfrentadas por Lutero, ele contou
com a ajuda de uma caridosa anciã, que cuidou dele de maneira especial. Esta
benévola senhora se chamava Úrsula Cotta, filha do burgomestre de Esfeld e
esposa de Kuntzou Conrado Cotta, honrado comerciante. Segundo o autor Muirhead:
Úrsula ficou encantada pela voz de Martinho Lutero. Ela o acolheu em seu lar e
nessa residência generosa o jovem, recebeu o ensino nobre de boas maneiras[1]. Com
todos os desafios e precariedade econômica, Lutero superava os demais de sua
classe como
o autor Stephen J. Nichols (2017, p.32)
nos narra.
Quanto a sua vida
acadêmica, a dedicação e erudição fez o laborioso Lutero passar para Erfurt,
onde estudaria Direito. De acordo com o autor:
Ele adquiriu grande conhecimento de gramática,
lógica, metafísica e música. Mas logo se interessou pela teologia escolástica
de Guilherme de Ockham e especialmente pela Gabriel Biel, que afirmava que Deus
não haveria de negar sua graça ao homem que fizesse tudo quanto estivesse ao
seu alcance, e pelo humanismo[2],
que era a redescoberta da cultura clássica, com seu lema de ‘regresso às fontes’.
(FRANKLIN FERREIRA 2014, p.170)
Em Erfurt, ele
recebeu seu bacharelado em 1502, e seu mestrado, em 1505. Ambos o preparariam
para estudos futuros de Direito e um doutor em Jurisprudência.[3]
O fato que levou Lutero a ingressar no convento dos Eremitas agostinianos, na
manhã de 17 de julho de 1505, foi que Martinho foi pego em meio a uma
tempestade violenta de trovões que desabou perto dele. Percebendo sua
fragilidade diante aquela tempestade, clamou: “Como serei salvo? ”[4]
Em virtude dessa
tempestade, Lutero ficou paralisado e deu elevado significado espiritual a ela.
Segundo o autor Stephen J. Nichols Lutero
“creu que Deus havia soltado os trovões do céu para julgar sua alma. Ficando
ele desesperado” (2017, p.34). A propósito, Justo González (2011, p.30)
acrescenta a este acontecimento climático, Lutero ao sentir o temor da morte e do inferno,
ele prometeu a Santa Ana que se tornaria monge.
Em seguida, em
1507 já morando no monastério, no qual era conhecido por ser uma escola que
lidava com muita seriedade na labuta teológica e pela dureza de suas regras,
ele, Lutero, foi ordenado a monge na Catedral de Santa Maria. Após a realização
dos votos, seus superiores o escolheram para tornar-se sacerdote. Em virtude de
sua devoção e inteligência, em 1508 Johann von Staupitz, o superior da ordem
agostiniana na Alemanha, orientou Lutero a preparar-se para a carreira de
pregador e tornar-se doutor em Teologia.[5]
Johann von Staupitz
ao mesmo tempo em que era vigário-geral dos eremitas agostinianos também era
professor de teologia da Universidade de Wittenberg. No que diz respeito a
Universidade Wittenberg, é importante frisar que esta Universidade havia sido
fundada anos antes, em 1502. No dia 9 de março de 1509, Lutero recebeu o grau
de Bacharel em Bíblia (Bacclaureus
biblicus).[6]
Logo que Martinho
Lutero recebeu seu bacharel em Bíblia, começou a ensinar os livros bíblicos na
faculdade de teologia Wittenberg. Algum tempo depois Lutero foi enviado para
Roma para tratar assuntos da Ordem dos Agostinianos. Em Roma ele permaneceu por
4 semanas. Depois de voltar de Roma, Lutero foi chamado mais uma vez para
Wittenberg, por Johann von Staupitz[7].
Depois de
conseguir um bacharel em Bíblia no ano de 1509, como já foi mencionado,
Martinho alcançou o grau de doutor em teologia em 1512. De acordo Franklin
Ferreira suas palavras foram:
Eu
doutor Martin, fui chamado e forçado a tornar-me doutor, contra minha vontade,
por pura obediência e tive de aceitar um cargo de ensino como doutor, e prometo
e voto pelas Sagradas Escrituras, que tanto amo, pregar e ensiná-las fiel e
sinceramente (FRANKLIN FERREIRA 2014, p.171)
Por Georgington de Souza Ribeiro
Revisão: Thalyta Priswa
[1] Muirhead, H.H O Cristianismo Através dos Séculos., Editora Casa Publicadora
Batista, Rio de Janeiro 1963 Volume II 4° edição p.50
[2] Essa abordagem não deve ser confundida com
o humanismo secular de nossos dias. O humanismo expressava um espírito da
Renascença, enfatizando um retorno às culturas gregas e romana. (Nichols,
Stephen J. Além das noventa e cinco
teses: a vida, o pensamento e o legado de Martinho Lutero/ Stephen J.
Nichols; [tradução: Elizabeth Gomes]. - São José dos Campos, SP: Fiel, 2017,
p.39).
[3] Nichols, Stephen J. Além das noventa e cinco teses: a vida, o pensamento e o legado de
Martinho Lutero/ Stephen J. Nichols; [tradução: Elizabeth Gomes]. - São
José dos Campos, SP: Fiel, 2017, p.33
[4] Ferreira, Franklin, Servos de Deus: Espiritualidade e teologia na história da igreja/Franklin
Ferreira-São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2014, p.170
[5] Ferreira, Franklin, Servos de Deus: Espiritualidade e teologia na história da igreja/Franklin
Ferreira-São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2014, p.171
[6] Bíblia
de Estudo da Reformada.
Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, texto bíblico: Almeida Revisada e
Atualizada, 2° edição, p. 5
[7]Bíblia
de Estudo da Reformada.
Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, texto bíblico: Almeida Revisada e
Atualizada, 2° edição, p. 5
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