A ação que gerou Transformação


Entrando em uma nova série de estudos, iremos agora nos aprofundar nas riquezas escondidas nos quatro evangelhos com foco nos milagres que o nosso Salvador realizou e o que eles têm a nos ensinar.


Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior, tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto; porque dizia: Se tão somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada. E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal. E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes? Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou? Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera. Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal”.
(Mc 5,25-34)
Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia...”.
         Já nos primeiros trechos da narrativa nos deparamos com alguns detalhes que nos intrigam. Inicialmente a pergunta que surge é: “Quem é a mulher que estava doente?”. A resposta parece óbvia, porém pode ser mais profunda do que imagina. A narrativa desta mulher aparece em três dos quatro evangelhos e em nenhum deles os autores se preocuparam em relatar o nome da doente. Eles se preocupam com o que ela tinha; o que ela fez e como foi curada. Isso já nos diz muito. Talvez, o anonimato dessa mulher, representa cada um de nós em nossa mazela e imundice pecaminosa. Somos doentes com o pecado e assim como aquela mulher estava fadada a morte com a hemorragia, o nosso pecado também nos leva a morte, uma vez que Romanos 6:23a relata que “O salário do pecado é a morte...”
         A situação se agrava quando voltamos a Antiga Aliança e lemos que: 

Também a mulher, quando tiver o fluxo do seu sangue, por muitos dias fora do tempo da sua separação, ou quando tiver fluxo de sangue por mais tempo do que a sua separação, todos os dias do fluxo da sua imundícia será imunda, como nos dias da sua separação” ( Lv 15:25 ).

Ou seja, aquela doente sabia que por estar com um fluxo sanguíneo intenso, pela lei de Moisés, ela era considerada impura, logo não poderia sair às ruas, tocar em pessoas, se aproximar ou até mesmo falar com alguém. Ainda temos outro agravante quando lemos que: “Ou, quando tocar a imundícia de um homem, seja qualquer que for a sua imundícia, com que se faça imundo, e lhe for oculto, e o souber depois, será culpado" ( Lv 5:3 ).  Aquela mulher sabia que estando impura segundo a lei que vigorava naquela época e tocando qualquer outro, essa pessoa tocada também seria considerada impura. Por vezes, a impureza física era considerada consequência da impureza (ou pecado?) moral.
         O segundo questionamento que nos vêm à mente é: “O que seria fluxo de sangue ou hemorragia?”. Chama-se hemorragia ou sangramento à perda de sangue do sistema circulatório para dentro das cavidades ou tecidos do próprio organismo ou para fora dele, devido à laceração ou ruptura de vasos sanguíneos. Uma hemorragia pode ser pequena e pouco significativa ou importante e até letal. A hemorragia deve-se à laceração ou ruptura de vasos sanguíneos, com extravasamento de sangue para o interior do próprio organismo ou para fora dele e possui diversas causas. Pode haver hemorragia aguda devido ao rompimento abrupto de um grande vaso, como nos acidentes ou no rompimento de um aneurisma, por exemplo. Elas também podem ser crônicas, pela perda persistente de pequenas quantidades de sangue, como em um sangramento de uma úlcera gástrica ou uma moléstia renal. A gravidade da hemorragia se mede pela quantidade e rapidez de sangue extravasado. [ABC.MED]
         No caso bíblico, pelos poucos fatos que nos são informados, a mulher sofria de uma hemorragia crônica, uma vez que sua perda era persistente (a bíblia afirma que ela sofria do fluxo de sangue há doze anos). Outra afirmação que podemos fazer é que a doença dela era do tipo hemorragia externa, já que se fala em fluxo de sangue. Então imagine o quadro que temos com apenas esta primeira frase do trecho: Uma mulher que está morrendo a passos lentos, literalmente agonizando, perdendo sangue diariamente, complicando o pleno funcionamento de seus órgãos e funções vitais e ainda não podendo sair às ruas, pois era considerada impura pela sociedade. Imagine ainda a dificuldade que era para ela viver só e ter que mesmo sem forças lavar suas roupas, uma vez que, diariamente eram sujas de sangue. Imagine ainda o odor fétido(o que é?) e forte que exalava daquela mulher toda a vez que ocorria extravazamento sanguíneo, provavelmente vaginal (estamos supondo que seja vaginal, pois a bíblia não relata o espanto das pessoas ao verem-na, logo, o sangramento não era nasal, auditivo, bucal ou de qualquer área visível). Aquela mulher estava destinada a morte lenta, cruel e solitária.
“[...] e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior...”.
         Observamos ainda que em tempos passados, a mulher que estamos analisando tinha uma situação financeira estável, já que a bíblia diz “médicos”, ou seja, mais de um. Ela depositou todas as suas expectativas e esperanças na medicina da época e o relato bíblico afirma que ela terminou com a doença agravada, sem dinheiro e sozinha. Ainda lemos que a doente havia sofrido bastante nas mãos dos muitos médicos; isso se deve provavelmente aos métodos arcaicos de análise do paciente sem qualquer tipo de anestesia ou conhecimento de microorganismos como bactérias, vírus e micoses. A cada médico em que a mulher ia, perdia mais dinheiro, provavelmente contraia um novo microorganismo que se aproveitava da infecção já local e piorava a situação, além das dores nos métodos de análise, uma vez que não se existia anestesia (surgiu apenas em 1841). Era uma verdadeira peregrinação de doze anos.
Será que existe cura para essa mulher? Será que ela ainda pode ter perspectiva de vida e de futuro? O que será que aconteceu dentro dela ao tocar Jesus? Aguarde a próxima semana.
Deus abençoe!

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