Série Reforma 500 anos #3
Reformadores antes da Reforma-John Huss[1]
John Huss nasceu por volta de
1369, numa família pobre de camponeses, que vivia na pequena aldeia de Husinec,
no sul da Boêmia. Huss estudou na Universidade Caroline de Praga, em 1390. Como
nos informa Franklin Ferreira (2014, p.143).
Em 1393, John
Huss concluiu seu bacharelado em artes, iniciando o mestrado em 1396. No ano de
1400, já mestre da Universidade de Praga, fez votos de sacerdote em 1402, foi
nomeado reitor da Universidade de Praga e pregador da capela Belém, em Praga.
Franklin Ferreira nos informa que essa capela tinha espaço para três mil
pessoas, onde Huss usava toda sua eloquência e fervor para impulsionar a
reforma da igreja (2014, p.143).
De acordo com
Justo González “Ao mesmo tempo em que pregava contra os abusos que havia na
igreja, Huss continuava sustentando as doutrinas geralmente aceitas, e nem seus
piores inimigos se atreviam a censurar sua vida ou sua ortodoxia. Diferente de
Wycliffe, John Huss era um homem extremamente gentil, e contava com grande
apoio popular. ” (2011, p.494).
Além disso,
começaram a chegar a Praga as obras do mestre de Oxford, John Wycliffe. Essas
obras chegaram por intermédio de um discípulo de Huss, Jerônimo de Praga, que,
por sua vez, passou um tempo na Inglaterra estudando na Universidade de Oxford,
o que causou um grande conflito, pois, os
ensinamentos de Wycliffe começaram a influenciar os universitários de Praga nos
círculos universitários.
Do mesmo modo, o casamento da rainha Ana, que
era boêmia, com o rei Ricardo II proporcionou aos boêmios[2], o conhecimento e a acessibilidade
dos livros de Wycliffe publicados na Inglaterra, que começaram a provar e
saborear o Evangelho de Cristo[3].
John Huss
parece ter lido com muito entusiasmo essas obras de Wycliffe, pois se tratava
de alguém cujas preocupações eram muito semelhantes às dele, como afirma
González (2011, p. 494). Ferreira, nos chama a atenção para o fato de que toda
influência das obras de Wycliffe sobre John Huss não o fez discípulo de John
Wycliffe, outros escritores tchecos exerceram influência no desenvolvimento teológico
de Huss (2014, p.143).
Então o docente
John Huss, estudando as Sagradas Escrituras e juntamente com as obras de John
Wycliffe e outros escritores tchecos, verificou que a igreja estava divorciada das
Escrituras, e o principal motivo da corrupção era a negligência do estudo
bíblico[4].
Em 1412, como
nos informa Muirhead
“[...] Huss
e Jerônimo de Praga protestaram energicamente contra uma bula papal e contra o
abuso das indulgências” (1959,
p.336). Roma mais uma vez queria silenciar aqueles que pregavam a
palavra de Deus, mas Huss tinha o rei, a rainha, os nobres e a universidade ao
seu lado. No dia 28 de novembro de 1414, acusaram John Huss de heresia e ele
foi preso.
Devido à prisão,
os nobres e a Universidade de Praga protestaram, mas não foram ouvidos. Huss
tinha um salvo-conduto[5] imperial que foi violado.
Em julho de 1415 John Huss foi queimado e deixou o seguinte ensino:
“Cristo é o cabeça único da igreja
universal. Quanto à eucaristia, [...] que o pão e o vinho permanecem pão e
vinho após a consagração. Nem papa, nem cardeais, dizia ele, são necessários ao
regime da Igreja”[6].
De acordo com
Ferreira “A caminho do suplício, Huss teve de passar por uma pira onde seus
livros estavam sendo queimados. Ele riu disse aos presentes para não crerem nas
mentiras que circulavam a seu respeito. O marechal do império Von Pappenheim,
na presença do Eleitor Palatino Luís III, pediu-lhe mais uma vez que se retratasse,
mas novamente ele negou com firmeza: ‘Deus é minha testemunha que a evidência
contra mim é falsa. Eu nunca pensei ou preguei exceto com a única intenção de
ganhar os homens, se possível, de seus pecados’ (2014, p.153). O fogo foi aceso
e enquanto as chamas o envolviam, Huss começou a cantar: Cristo, Tu, Filho do
Deus vivo, tem misericórdia de mim”.
John Huss morreu,
mas seu movimento continuou resistindo às perseguições da igreja papista. 90%
da população tcheca foi influenciada por este servo de Deus. Suas ideias e
pensamentos sobreviveram através de uma igreja evangélica conhecida como “Irmão
Unidos ou Irmão Morávios ”- que existe até hoje, como nos informa Franklin
Ferreira (2014, p.153).
Por: Georgington de Souza Ribeiro
Revisão Thalyta Priswa
[1] Subtítulo tirado do Livro O Cristianismo
Através dos Séculos de H.H.
Muirhead, Editora Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro 1959 Volume I 4°
edição p.315
[2] Boêmios pertenciam a etnia
eslava.
[3] Fox, John, O livro dos Mártires / John Fox;
tradução de Almiro Pizetta.- São Paulo: Mundo Cristão,2005, p.87
[4] Muirhead, H.H
O Cristianismo Através dos Séculos., Editora
Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro 1959 Volume I 4° edição p.335.
[5] Documento
que autoriza alguém a viajar e transitar livremente; passaporte, laissez-passer. Privilégio,
segurança, isenção, salvaguarda
[6] Muirhead, H.H
O Cristianismo Através dos Séculos., Editora
Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro 1959 Volume I 4° edição p.336
Por: Georgington de Souza Ribeiro
Revisão Thalyta Priswa
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